Apresentação dos trabalhos do 2˚ semestre

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Para onde vamos? Depois de quase dois anos de pandemia, o mundo está passando por uma nova onda.

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Isolamento, cuidado, preocupação, medo, tristeza, negligência, desconfiança, conflito ... foi tudo isso que uma aluna da escola expressou num relato em que contou o que passou durante a pandemia. 

Nesse período, segundo ela, “aprendi muita coisa. Aprendi que nem tudo sai como planejamos. Aprendi a valorizar mais as pessoas, porque as pessoas estavam e ainda estão morrendo ... Aprendi também que existem pessoas muito próximas a você, mas não se importam com você e com ninguém...”

Essa desconfiança se deu depois de uma pessoa próxima a ela pegou o vírus, e “mesmo com o vírus ativo, recebia visitas... e não contava para as visitas que estava infectada...”.

Ao tentar alertá-la sobre o risco dessa sua atitude, foi difamada. A desconfiança e o ceticismo cresceram: “Na pandemia, eu vi muita maldade nas pessoas. ... Hoje em dia não confio em ninguém."

Os pais dela fazem parte do grupo de risco, e tentaram se proteger ao máximo. Porém, mesmo se cuidando e seguindo todos os protocolos, a mãe pegou o vírus. Ela "já tinha tido problema no pulmão, o caso dela foi grave. Eu pensei que iria perder a minha mãe.” Felizmente, isso não aconteceu. 

“Agora, só vamos esperar esta pandemia acabar para podermos voltar a nossa vida normal, e que esse vírus seja eliminado logo para não ficar pior lá na frente.”

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Conflitos interpessoais, como o relatado pela aluna, foram comuns durante a pandemia. Quase todos os seus aspectos foram politizados, o que contribuiu para intensificá-los ainda mais. 

Isso também é verdade para os conflitos geopolíticos internacionais. A ofensiva americana contra a China, que sob o governo Trump tinha assumido um caráter abertamente belicoso, foi continuada sob o governo Biden. O risco de uma guerra, potencialmente com o uso de armas nucleares, entre EUA e China nunca foi tão grande.

E a pandemia foi colocada no centro desse debate. Tanto o governo Trump quanto Biden avançaram a alegação sem provas de que o novo coronavírus foi vazado de um laboratório em Wuhan, na China. Como mostra o trabalho do Erich e do Guilherme, essa hipótese sempre foi considerada “extremamente improvável” pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Hoje, um número crescente de estudos está reforçando a hipótese que o novo coronavírus passou de um morcego para um animal intermediário e daí para o ser humano. 

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Por trás desse conflito potencialmente explosivo está a maior crise econômica desde o final do século 19. O trabalho do Arthur, sobre o impacto da pandemia no setor aéreo, mostrou que o número de passageiros transportados diminuiu de 4,5 bilhões em 2019 para 1,8 bilhão no ano passado. Isso levou a prejuízos recordes para as companhias aéreas, com dezenas de empresas falindo e demissões em massa em todo o mundo.

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O trabalho da Sara mostrou o enorme impacto ambiental da pandemia, particularmente por causa do aumento do uso de máscaras. Ela mostrou que a produção de máscaras aumentou mais de três vezes em um ano, e que 12 bilhões de máscaras já tinham sido jogadas no lixo no Brasil até o meio deste ano. As máscaras podem levar até 500 anos para se decomporem, podendo afetar imediatamente inúmeros animais caso não seja descartada corretamente.

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Um dos maiores efeitos da pandemia sobre os alunos foi o aumento de transtornos psicológicos. No semestre passado, um dos trabalhos realizados tinha descoberto que 72% dos alunos da escola estão sofrendo algum transtorno psicológico, principalmente ansiedade e depressão. Para quase a metade deles, o transtorno mental apareceu durante a pandemia. Esse efeito, e a preocupação que muitos têm manifestado sobre isso, fez com que esse tema fosse o mais escolhido entre os alunos. Neste semestre, a aluna Ingrid se debruçou sobre ele. 

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Outro aspecto muito politizado durante a pandemia foi a vacinação. Apesar de salvar 3 milhões de vidas anualmente, muitas pessoas no mundo todo - principalmente nos EUA e na Europa, que tem assistido a protestos massivos contra os certificados de vacinação, estão se recusando a tomar as vacinas contra a COVID. Que isso esteja acontecendo nos países mais ricos do mundo é um sinal de que mesmo eles não estão imunes a uma das maiores crises sociais em um século. 

O trabalho da Darlene tentou entender por que as pessoas se recusam a tomar vacinas, com o crescimento vertiginoso de movimento anti-vacinação em meio à pandemia. Isso é determinado por questões políticas (incluindo aí os seus fundamentos filosóficos), de saúde pública e educacionais. Felizmente, o Brasil é um dos países do mundo onde a sua população está mais disposta a tomar a vacina contra a COVID, o que tem contribuído para a amenização da pandemia no país. 

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Apesar de importantes, as vacinas são apenas um dos instrumentos que a ciência possui para combater a pandemia. Como temos visto em todo o mundo, principalmente na Europa, ela não consegue reduzir o número de casos a ponto de a pandemia acabar. Para isso, é necessário cortar a circulação do vírus completamente. 

Caso isso não aconteça, a possibilidade de surgir uma variante mais infecciosa, letal ou que escape às vacinas é mais do que real. Isso já tinha acontecido no ano passado, quando a livre circulação do vírus no Reino Unido, na Índia e em Manaus já tinha criado variantes de preocupação que foram as responsáveis este ano por ondas muito piores do que no ano passado. 

Todos os alertas de cientistas têm sido em vão. Agora, o mundo se vê diante de uma nova variante de preocupação, que têm levado a um aumento exponencial de casos na África do Sul e está se espalhando rapidamente pelo mundo. A variante Ômicron foi tema do trabalho do aluno Vitor.

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Depois de quase dois anos de pandemia, é inevitável se perguntar: quando a pandemia irá terminar? Ainda não sabemos. E, talvez, ela se arraste ainda por anos. 

O trabalho da Laura e do Rafael alertou: “a pandemia ainda não acabou!!!”. Inúmeros estudos têm mostrado pessoas vacinadas podem pegar o vírus e continuar transmitindo. Caso a cadeia de transmissão desse vírus não seja quebrada, o que é impossível apenas com vacinação, a pandemia não irá terminar. E, como vimos com a variante Ômicron, existe a possibilidade de novas variantes de preocupação surgirem.

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Durante esses dois anos de pandemia, acredito que podemos tirar as algumas lições: 

- A pandemia não pode ser detida apenas com vacinas, por mais importante que sejam.

- Uma pandemia, por seu caráter global, não pode ser detida nacionalmente ou regionalmente. 

- Esse esforço mundial deve se articular em nível local para quebrar a circulação do vírus. Em todos os locais de trabalho, particularmente aqueles que envolvem a aglomeração de pessoas, como em escolas, isso significa diminuir ao máximo a circulação de pessoas (para diminuir os contatos), testar as pessoas e realizar o rastreamento de contatos, incentivar o uso de máscaras seguras, etc.

- Não se pode deixar de lembrar e alertar as pessoas que a pandemia não acabou. Para isso, é necessário massivas campanhas de informação e educação científica sobre vacinas, transmissão do vírus e todos os outros aspectos da pandemia. 

Se existe uma expressão que representa tão bem o que estamos vivendo, e que provavelmente continuaremos vivendo, é “tragédia anunciada”. Estamos vivendo uma “tragédia anunciada” após a outra. A própria possibilidade de uma pandemia estourar já tinha sido alertada por cientistas há anos. 

Depois de tudo isso, agora, querem nos convencer que devemos aprender a “viver com o vírus”, que a COVID irá se tornar uma doença endêmica, etc. Isso, com uma doença como a COVID, não é possível. 

Não se pode “normalizar” o que temos vivido. Reforço o chamado para que não aceitem isso.

Prof. Guilherme

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